sábado, 29 de dezembro de 2007

Ano Novo com "Esta Lisboa que eu Amo"

A todos os que me acompanham neste espaço, desejo um Bom 2008.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

É pena!...

Os energúmenos que sujaram a placa, não sabem, nem nunca saberão, quem foi Bento de Jesus Caraça.

E Portugal parece conviver melhor com a ignorância e a falta de civismo de muitos, do que com a memória dos seus poucos “Grandes”.

É pena!..

sábado, 22 de dezembro de 2007

Natal com David Mourão-Ferreira


A todos os que me acompanham neste espaço, desejo um Bom Natal.

NATAL À BEIRA-RIO

"É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?"

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Mescla

Amarelo, rosa e preto.
Preto de humidade, antiga, entranhada.
Linhas cruzadas e janelas em arco.
O azulejo.
Nossa Senhora da Conceição.
A chaminé e as torres.

Na Lapa.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Amálgama


Telhados, janelas, fios, cordas, paus, águas-furtadas, antenas e parabólicas, taipais, torre de igreja e sino, candeeiros, paredes, chaminés, vidros, estores.
E vegetação.
Verde no branco, com o azul do céu a saudar esta aguarela de motivos alfacinhas, na Lisboa de outras eras que se adaptou aos tempos modernos.
Nas traseiras da Ribeira.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Jardim "da Estrela"

Algo receoso, o homem parece molhar a terra trabalhada pelo agricultor.
No Jardim da “Estrela”.

Jardim “Guerra Junqueiro”, de seu nome.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Coreto

Coreto de jardim, guarida de sons perdidos na vegetação.
Tens as plantas por companhia.
E velhos bancos de apodrecida madeira.
Estás mudo.
Em ti tocaram amadores briosos, como puderam.
A rodearem-te, centenas pararam. Escutaram. Gostaram.

Coreto de jardim, palco ido para as memórias.
Sem bombos ou clarinetes, fagotes ou trompas de outros tempos.
Apenas o eco distante, persistente.
Da saudade.

És rasto de Cultura.
Maltratado.
Calado.
Só.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

"Tudo isto existe..."

Fanatismo.

Característica reveladora de pouca instrução e quase nenhum civismo.
Intolerância.

“Quem não for por mim, é contra mim”.
Dizia o ditador.

Com religião à mistura.
Não “vá o diabo tecê-las”.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Pensão


Pensão, Casa de Hóspedes.
Pintados à mão. Os anúncios.

No velho bairro.

Não foram necessários decoradores. Nem “designers”.
Deve ter sido o próprio dono.
Saudoso da arte rupestre.

No velho bairro.

Sabe a povo.
A improviso.
A “um homem nunca se atrapalha”.

No velho bairro.
Em Lisboa.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Discriminação


Visitei, há dias, uma curiosa exposição na Estação do Rossio.
O tema é a discriminação, e os inúmeros “cartoons”, nacionais e estrangeiros, nela apresentados, são, para além de divertidos, muito sérios.
Deixo aqui dois exemplos, mas muito mais haveria para seleccionar.
Vale a pena ir lá!



segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Chaminés

Como setas apontadas ao céu, palcos de muitos fumos de comida caseira.
Tão ou mais resistentes que as telhas que lhes dão sustentabilidade, em telhados cansados de abrigar do frio e da chuva. E do sol.
Altaneiras, desafiam o tempo sabendo que um dia serão inexoravelmente derrotadas, mas cumprem a sua missão até ao fim, com arrojo e galhardia.
Para muitas, o fumo acabou quando acabou a vida dos inquilinos, mas a sua disponibilidade continua.


Velhas chaminés de Lisboa.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Craveiros à Janela


Os craveiros nem sempre estão em águas-furtadas.
“Cheiram a Lisboa”, “cheiram bem”.

São poucos os que ainda se vêem.
Talvez por isso, Lisboa cheire menos bem…

Lisboa do Tejo, cuja água bem falta faz na limpeza da cidade.
Lisboa do Sol e das sombras, dos “alfacinhas” agora pouco viçosos.
Como os craveiros.

domingo, 18 de novembro de 2007

Ferro


Ferro.
Frio.
Forte.

Mil fados ouve.
Vêm do “D.Elvira” estacionado na Rua do Carmo.

Francês.

“Lisboa que não morre, e que resiste”.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O primeiro "Zoo" de Lisboa

O primeiro Jardim Zoológico de Lisboa partiu da iniciativa de um grupo de médicos, entre os quais o célebre Dr.Sousa Martins.
Reunidos em assembleia, em Fevereiro de 1833, realizada no edifício da escola Politécnica, sob a presidência de D.Fernando, o Rei-Artista, constituíram uma comissão fundadora, e quotizando-se entre si, arranjaram a quantia de 300 contos (!).
O local que imaginaram ideal seria, pouco tempo depois, colocado à sua disposição pelos proprietários, e assim nasceu, no parque de São Sebastião da Pedreira, o primeiro Jardim Zoológico de Lisboa, de imediato considerado um dos melhores do mundo.
Na verdade, a quantidade e diversidade de animais trazidos das ex-colónias foi tal, que o Jardim não temia qualquer comparação com outros já existentes.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Gustavo de Matos Sequeira

Gosto de ti, Alfama!


“Alfama! Andar por lá a horas mortas
numa noite de lua,
quando o luar escorre pelas portas
e se entorna na rua;
quando as empenas e os beirais, artistas
de curvas sombreadas,
se entrecruzam em formas imprevistas
nas pedras das calçadas;
quando o silêncio que se espalha à volta,
e tanto se ama agora,
deixa a imaginação correr à solta
pelos séculos fora;
quando a gente do bairro, recolhida,
nos dá a impressão
de que se vive numa outra vida
e o nosso coração
se aquece mais naquela débil chama
que se está a apagar…
Ah! Que lindo espectáculo o de Alfama
numa noite de luar!
Sente-se toda a febre de Lisboa
naquele casario
sem disciplina, que desceu à toa
a procurar o rio,
e, sem ferir nem magoar, apenas
ansiosa de chegar,
misturou os telhados e as empenas
num jeito de abraçar.
Nas vielas humildes, escadeadas,
onde os olhos se turvam
a pensar nas pobrezas recatadas,
há arcos que se curvam,
amigos bons que por ali se juntam;
são de pedra, mas têm
um coração que sente, e não perguntam
o “quem é?” a ninguém.
Gosto de ti, Alfama; és o mais velho
dos bairros da cidade.
Olha-te bem no Tejo – é o teu espelho.
Retoca com vaidade
as tuas rugas. Elas são a prova
do teu ceptro, acredita.
Não queiras nunca que te façam nova…
Assim é que és bonita.”

Gustavo de Matos Sequeira

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Os "Saloios"

São mesmo “história”.
Desapareceram, deixaram de existir.

Lembro-me de os ver, na cidade, ali bem perto de Entre-Campos, vindos dos arrabaldes, vender os seus produtos no Mercado abastecedor de Lisboa.

Os “saloios”.

Que não eram apenas as lavadeiras de Caneças, imortalizadas por Beatriz Costa.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sem comentários...



Lisboa sempre foi caracterizada por ser a cidade do “tapa buracos”.
Nada se reparava em condições, “remendava-se” o pavimento, adiando o inevitável.
Mas supunha-se que era só nos pavimentos…

Engano.
Parece que a “febre” chegou às pobres árvores…

Sem comentários…

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Mercado da Ribeira


Mercado da Ribeira.
Desde 1882 a servir Lisboa, noite e dia, a vender os produtos frescos que lhe chegavam pelo próprio produtor, que dos arredores da cidade os traziam até ali.
O “cacau” da Ribeira aqueceu as madrugadas de gerações de feirantes, e também as da boémia lisboeta.
É na Ribeira que se abastece, ainda hoje, a maioria dos restaurantes “alfacinhas”, mas o Mercado já não tem o furor de outros tempos.
Adaptou-se, já vende livros, expõe quadros, organiza bailes, alberga restaurantes.

Velha Ribeira.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Feira da Ladra



Feira da Ladra.
Velharias espalhadas pela rua, também ela velha.
Gente nova a vender, sabe-se lá para quê.
Novos e velhos a observar, alguns a comprar.

“É terça-feira…Feira da Ladra…” diz Sérgio Godinho.

Tradição que se conserva.
E se saúda.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Sinaleiro

Há poucos, hoje em dia.
Muito poucos.
Mas durante décadas foram eles que garantiram um mínimo de ordem no trânsito de Lisboa, então ainda não caótico como agora.
Recordo o Inácio, com os seus peculiares gestos, que se tornou uma figura carismática da cidade.
“Cabeças de giz”, na voz do povo.
Sinaleiros.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Voragem


Não é estátua.
Nem ornamento.

Representa apenas o resultado da galopada desenfreada com que o cimento tem cavalgado em Lisboa.
Onde eram campos, apareceram bairros.
Onde havia verde, apareceram outras cores.

O que resiste, assiste.
Inerte.
Com ou sem vento.
Inexoravelmente.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

"Foreiro a"



Esta é mesmo da Lisboa que rapidamente vai desaparecendo.
“Foreiro a” é sinónimo de “arrendado a”.
Imaginem se, hoje em dia, em cada andar alugado existisse uma placa a dizer “Arrendado a”…
Outros tempos…

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Respeito

O velho candeeiro de Lisboa lá está, cumprindo a sua missão, alheio a épocas e modas, gentes e veículos.
À espreita, talvez com uma ponta de inveja, um bem mais colorido familiar caseiro, à janela, gostaria de o imitar.
Nem em sua casa é rei…quanto mais de uma rua!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Parque Eduardo VII (2)

É o que se chama…devoção pela leitura…
Ou se preferirem…andar sempre agarrado aos livros…

E deve ser agradável…dormir com um jornal e um livro na cara.
Talvez uma maneira fácil de arranjar bons sonhos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Indignação


Também me parece que só à bastonada…perante o que se passa nesta cidade.
E de nada valerão as orações da figura ao meio…pois o semblante do seu companheiro à direita, e o punhal do outro, não auguram nada de bom nem de pacífico.

Em Entre Campos, as estátuas são de pedra…mas mesmo assim conseguem avaliar o que fizeram da “Feira Popular”…e não gostaram!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Parque Eduardo VII


Ainda vai sendo possível observar e “viver” espaços verdes em Lisboa.
Mas pelo andar dos tempos, qualquer dia…só por um “canudo”.

Parque Eduardo VII.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Rua da Junqueira

Ferro que não conseguiu estar só.
Surpreendente.

Na Rua da Junqueira.

sábado, 29 de setembro de 2007

Tejo


Indiferente ao moderno autocarro, aos automóveis próprios de outro tempo, que não o seu, aos guindastes e contentores, semáforos e pontes giratórias, símbolos da pressa e talvez da disciplina, o velho veleiro, sóbrio e quase despercebido, entra no porto.

Ninguém repara.

Silenciosamente, como é seu timbre, e devagar, procura o seu lugar de descanso.

Que merece.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Lisboa no seu melhor (1)


Coitadinho….
Do fatinho….
Do “rapas”….

E de quem fez este “notável” cartaz de montra….

sábado, 22 de setembro de 2007

Inevitável...


Esta fotografia documenta o inevitável.
O moderno a sobrepor-se ao antigo.
O “bloco” a tapar a arte.

Não há Plano que resista à força da aberração.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Rossio



D.Pedro IV não é D.Sebastião, que apareceria numa manhã de nevoeiro.
Mas na fotografia parece…

sábado, 15 de setembro de 2007

"Nicola"


O “Nicola”, um dos “templos” de conversa e convívio da Lisboa de sempre, mudou de gerência.
Até aqui, nada de especial.
Só que… os novos donos já adulteraram, sem dó nem piedade, e quase por completo, um outro espaço “sagrado”, a “Brasileira”.
Temos assim dois cafés “ex-libris” da cidade com os mesmos donos…que já provaram não saber respeitar a história de tais estabelecimentos.
A primeira mudança foi estender a esplanada quase até ao pavimento pisado pelos autocarros, pelo que, para se entrar no café, faz-se uma espécie de gincana entre as mesas no meio da rua.

Promete!

Pobre "Nicola"…ao menos se o Bocage fosse vivo, para arrasar tal despautério...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Eça



Eça.
Na zona “nobre” da cidade.
Mas sujo.
Maltratado.

Eça.
Que merecia mais.
Ao menos limpeza.
Assídua.

Eça.
Da sua inspiração crítica, nasceria certamente um belo texto.
Sobre esta “pobreza” que envergonha.

Eça.
Essa…não se lhe faz!

domingo, 9 de setembro de 2007

"Top 10" de livros

A Fátima Rosado, do “Bordado de Murmúrios”, lançou-me o desafio de pensar em 10 livros que possam constituir o meu “Top 10”, tarefa ingrata, porque qualquer um de nós faria, sem dificuldade, um “Top 50”. Ou mais.
Mas aqui está a minha lista, feita com os livros que de imediato lembrei.

“Memórias de Adriano” de Marguerite Yourcenar
“A Minha Concepção do Mundo” de Bertrand Russell
“Cântico Negro” de José Régio
“Diário” (qualquer volume) de Miguel Torga
“Os Nus e os Mortos” de Norman Mailer
“Livro do Desassossego” de Bernardo Soares
“Em Busca do Tempo Perdido” de Marcel Proust
“O Nome da Rosa” de Umberto Eco
“O Conde de Abranhos” de Eça de Queiroz
“ A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Záfon

Como é suposto lançar este mesmo desafio a cinco pessoas, ei-las:

Rui e Paula Lima – “Paixões & Desejos”
Teresamaremar – “Pequenos Grandes Nadas”
Mariana – “Ardemares”
Elisabete – “Encanto”
Teresa Proença – “Devaneios”

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

"Pavilhão dos Desportos"

“Pavilhão dos Desportos”.
Agora Pavilhão “Carlos Lopes”.

Aquele recinto faz parte da história do Desporto português.
Nele se alcançaram as grandes vitórias do hóquei em patins.
Nele se travaram grandes “combates” da luta-livre nacional, do boxe.
O pavilhão cheio, com alguns milhares de pessoas.
O andebol também por lá andou, numa fase final do Campeonato da Europa.
E os saraus anuais de Ginástica de muitos clubes.

Passa-se por lá agora, e de longe, o aspecto ainda é o mesmo.Quase imponente.




Mas quem se aproxima dos gradeamentos…pode constatar a degradação, o abandono, o desleixo, a ruína.
Quem é responsável por tal estado?



O Pavilhão não teria, ainda hoje, nenhuma utilidade?
E mesmo nessa eventualidade, pouco crível, seria de deixar cair de podre?

Quem não respeita o seu passado, não merece futuro.
E Lisboa merece.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

"Cheira bem, cheira a Lisboa" ??

Lembram-se das ruas de Lisboa lavadas com jactos de água, pelo menos uma vez por semana? As camionetas com reservatórios, as mangueiras, os funcionários com botas de borracha?
Porque desapareceram?
Não há sujidade que os justifique?
Os simples varredores, varrem. Não lavam. Não tiram o cheiro.

Lisboa está perfeitamente conspurcada.

Não haverá dinheiro para pagar a água?
Ou é apenas desleixo?

Voltem, por favor!
Lisboa não pode continuar uma pocilga!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Culpa sempre solteira...

Em muitos locais, damos logo conta do disparate. Da anarquia. Da falta de tudo, desde o elementar bom-senso ao mais rudimentar planeamento.
Mas em outros, só uma câmara fotográfica nos retrata, com perfeição, o “desastre”.
Como neste caso.
Não seriam necessários comentários. A fotografia é bem explícita.
As duas palmeiras e a velha igreja estão completamente inocentes, mas quem permitiu aquele preto, aquele azul, os “caixotes” lado a lado com arquitectura tradicional alfacinha, esse, deveria ter sido preso!
E a grua, lá ao fundo, não vem descansar as mentes mais preocupadas…
Mesmo ao lado da Mãe d’Água, ali no Jardim das Amoreiras.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Placas


As placas que indicam os nomes das ruas e avenidas são todas iguais.
Umas com mais informação, outras apenas com o nome.
Secas.
Incaracterísticas.

Mas ainda há em Lisboa placas diferentes.
Mais artísticas.
Mais agradáveis à vista.

É discutível o gosto.
Mas é indiscutível a graça.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Candeeiros


Parte da Baixa lisboeta está a ser restaurada, nomeadamente aquela zona da Rua da Madalena.
Bem precisava.
Mas nestas coisas de “restauros”, desconfia-se sempre do resultado final, não vá a traça original ser completamente desfigurada, alterada ou até…destruída. E exemplos disso não faltam.
Parece…que não é o caso.
Manter as fachadas é, no mínimo, garantir algum cuidado para sossego dos espíritos mais cépticos.
É que estes candeeiros, que caracterizam Lisboa, não perdoariam ser enquadrados em cubos de vidro…

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pedras


Construído por cima da espectacular fonte de Alfama, é necessário quase olhar para o céu para se poder admirar esta obra-prima.

Lisboa tem destes tesouros, que mereceriam outro cuidado de conservação.
Os turistas param. Fotografam. Guardam para si.
Os “alfacinhas” nem dão pela sua existência.

A fonte está “seca”, há muito que não deita água.
O edifício resiste à erosão, ou não fosse ele de pedra.
Pedras, azulejos, ferros, vidros.
Mistura de materiais. De estilos.

A Lisboa de outrora.
De sempre!

sábado, 18 de agosto de 2007

Alcalá


Era costume meu.
Sempre que visitava o Museu do Chiado, descia depois um pouco mais a rua, que atravessava, e entrava na livraria espanhola, Alcalá de seu nome.
Era um espaço acolhedor, muito antigo, quase alfarrabista.
A dona era uma senhora muito atenciosa e sabedora, que recebia os clientes com uma atenção, diria categoria, ímpar.
Comprei lá muitos livros sobre Cinema, velhinhos, dos que já não é fácil encontrar.
Em castelhano.

A Alcalá fechou. Definitivamente.
Mais uma loja tradicional que se esfuma.
Que irá surgir naquele local?
Um “snack”?

Fiquei triste.

domingo, 12 de agosto de 2007

Campo Pequeno


Não, não é Istambul, nem Moscovo.

O “velho” novo Campo Pequeno.
Um “ex-libris” de Lisboa, recuperado com total respeito pela traça original, exemplo a ser seguido, sempre.
As cidades não podem descaracterizar-se, tal como aconteceu na Avenida da República, ali bem perto, e que nada tem a ver, para pior, com a antiga Avenida das moradias afidalgadas, que deram lugar a “caixotes” envidraçados, como se estivéssemos na Escandinávia…onde o pouco e raro Sol é completamente aproveitado.

Dá gosto apreciar!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Biblioteca Municipal


Neste belo palácio, mesmo em frente da Praça de Toiros do Campo Pequeno, funciona a Biblioteca Municipal de Lisboa.
É igualmente espaço para exposições temporárias.
Inolvidável a que lá visitei sobre a vida de Natália Correia.
Mas este edifício precisa de obras. Urgentes.

Eu sei que a Cultura é bandeira muitas vezes teórica.
Pura retórica.
Muito se promete, mas depois a percentagem do Orçamento relega-a para o reino da fantasia e da eterna esperança.

Como esta é a última a morrer…esperemos!

sábado, 4 de agosto de 2007

Parque Eduardo VII


Salta à vista.
Quem passear pelo Parque Eduardo VII, vai encontrando estas estátuas num estado de quase abandono.
Sujas.

Mas como o mal não é exclusivo deste jardim… habitua-se à ideia e admira a beleza.
O enquadramento.

Grande parte das estátuas desta cidade, estão como ela.
A precisar de limpeza.

domingo, 29 de julho de 2007

"Éden"


Foi Teatro.
Foi Cinema.

Agora…é apenas um edifício.

De uma beleza extraordinária.
Prémio de Arquitectura, à época.

O “Éden”.
Nos Restauradores.

Com ou sem modernos “arvoredos” na fachada, será sempre uma obra-prima de Lisboa.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ermida de Santo Amaro


Está muito escondida.
É preciso subir muitos degraus para lá chegar, mas quem o faz, sente-se seguramente recompensado.
A Ermida de Santo Amaro.
Só está aberta ao público à segunda-feira.
A vista sobre o rio é soberba, a tranquilidade absoluta.
Chamo a atenção para os azulejos dos claustros, que se espreitam de fora, mas são magníficos quando admirados de mais perto.

Descobri este monumento há pouco tempo.
Está bem cuidado, simples mas limpo.
E nas traseiras, um pequeno jardim com bancos de madeira completa na perfeição este espaço.

Merece uma visita.

domingo, 22 de julho de 2007

Poetas

Descia o Chiado em passo lento, como sempre faço aos sábados de manhã.
Ao passar pela Igreja dos Mártires, sou abordado por uma rapariga nova, de bom aspecto, toda vestida de branco.
- “Desculpe, gosta de poesia?”
-“Gosto.”
-“Quer ler um poema meu?”, tirando de uma capa de plástico um A4 impresso em computador.

Peguei na folha.

- “Quer que lho leia?”, perguntou em voz amena.
- “ Não, se não se importa lerei mais tarde”.
- “São 2 euros, menos não”.

Dei-lhe 2 euros.

- “Deixe-me assiná-lo”
Assinou.
-“Obrigado e felicidades.”
-“Felicidades também para si”.

E segui.

O poema é este:

“Descreve-me o silêncio…
Não questiones o mar
Despe-o ao invés…
Deixa tudo, mas mesmo tudo.
Mergulha de vez na eloquência
Da mudez, rasga a palavra, recorta-a
Até que dela só reste picadinho…
E só aí talvez de ti digam que
Finalmente és uma pessoa banal…
Ou então nem assim porque todos
De ti já sabem que dormes e
Acordas cada dia com a tua loucura
E tens por amante a poesia…”

Com amizade
Maria do Carmo Correia
21/07/07

Uma rapariga que escreve.
Que vende poema a poema na rua.
Que não aceita menos de 2 euros por cada um.
Que nenhum editor certamente aceitou.
Que acredita em si.

Lisboa. Dos poetas.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Aberrações


Os exemplos como este são inúmeros na Lisboa que se pretende conservada e bem estimada.
Quem mandou colocar o “mamarracho” atrás do fontanário não percebeu, ou nem se deu ao incómodo de pensar, que iria desvirtuar completamente a beleza do que decidiu tapar.
A questão que se deve colocar é : que esperam para deitar aquela “coisa” abaixo?

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Praça do Comércio


O candeeiro talvez tenha sido inspirado pelo edifício.
Estranhas simetrias que o olhar desatento não capta.
Até porque é necessário olhar para cima, e o português (sabe-se lá porquê) tem por hábito só olhar para o chão.
São vizinhos, na Praça do Comércio.
Olham ambos para as obras do Metro…e não percebem…
Nós preferimos olhar para eles.
E virar as costas à aberração.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Quiosques


Velho quiosque.
Ainda existem muitos nesta Lisboa, mas poucos funcionam.
Matavam a sede a clientes que, em amena cavaqueira, de pé, encostados às suas pequenas aberturas, antes ou depois dos empregos, “bebiam um copo” que acompanhavam com amendoins ou fava frita.
Vinho, mais tarde cerveja, tabaco, ginjinha, aguardente.
Povo.
Era mais barato que nos cafés.
Pretos, vermelhos, brancos. Quase sempre destas cores.
Hoje sobreviventes, resquícios de um passado pitoresco, que a cidade não pode deixar morrer.
Mas deixa.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Estátua


Olhei para a janela e vi o reflexo da estátua.
Que parece pintada no vidro.
Ou que estamos do lado de dentro.
Em azul.
E pedra.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Alfama


O pobre e triste “2” retrata o quanto de abandono se pode observar na Lisboa antiga.
O pobre e triste “2” está preso por apenas 1…parafuso. Os outros companheiros há muito desapareceram.
O pobre e triste “2” já esteve direito, quando o gradeamento vizinho, também ele esquecido e sujo, não era habitação de aranhas e suas teias.

Mas afinal…quem será “pobre e triste”?

O “2”?
O proprietário?
Ou quem deveria cuidar desta cidade?

domingo, 1 de julho de 2007

Largo Rafael Bordalo Pinheiro


Ali mesmo ao pé do Teatro da Trindade.
Este prédio sempre me fascinou, e nem o "modernismo" de alguns aparelhos de ar condicionado encravados em algumas das suas janelas, lhe fez perder o encanto.
Fico extasiado a admirar estes azulejos, esta autêntica “obra-mestra” imponente, recatada e sublime.
Os elementos da Natureza são perfeitos.
Como Lisboa. Antiga.