Na rua delas, não avistei gaivota nenhuma. Deduzi que não haveria tempestade no mar. Varandas rendilhadas, janelas abertas, roupa a secar, flores. Cheirava bem. A Lisboa.
Em tempo de angústia, incógnita, tristeza e descrença, sabe bem olhar para uma janela florida e cuidada, mesmo que se constate que o colorido plástico substituiu o natural.
Ainda há quem se preocupe com o aspecto, e ainda que as aparências possam iludir, julgo que a dona desta janela em Alfama, vive de bem consigo.
Os prédios da Lisboa de outrora eram coloridos. Bem antes do cinzentismo clássico.
Esse gosto pelas cores vivas ressuscitou, sendo bem evidente para quem passeia pela cidade, nomeadamente naqueles que beneficiaram de obras de recuperação.
Sei da austeridade, da necessidade de poupar.... A iluminação pública, essa, devia manter-se inalterada. Houve o bom senso de não retirar a estrutura do candeeiro, que assim constitui motivo de risota para os muitos turistas que visitam a Basílica da Estrela. E nem é preciso ser turista... Revela desleixo. Incúria. Falta de respeito. E outras coisas.
Em qualquer mercearia...juntamente com a manteiga em exposição, a faca fixa de cortar o bacalhau, os pacotes de papel para o café...os frascos de rebuçados...
Este já apodrecido cartaz está ali há muitos anos. As já apodrecidas instalações também. E a nossa igualmente apodrecida paciência…a tudo resiste. Agora na bancarrota…qual piscina….