sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Lisboa é Fado (13)

Uma das grandes vozes do fado castiço.
Fernanda Maria.
Ouvi-la é sentir a alma do povo.
Canta com garra, sem maneirismos, autêntica.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Instantâneos (6)


Jardim Constantino.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Lisboa e os Poetas (9)

"Lisboa"

"De certo, capital alguma n'este mundo
Tem mais alegre sol e o ceu mais cavo e fundo,
Mais collinas azues, rio d'aguas mais mansas,
Mais tristes procissões, mais pallidas creanças,
Mais graves cathedraes - e ruas, onde a esteira
Seja em tardes d'estio a flor de larangeira!

A Cidade é formosa e esbelta de manhã!
É mais alegre então, mais limpida, mais sã;
Com certo ar virginal ostenta suas graças,
Ha vida, confusão, murmurios pelas praças;
E, ás vezes, em roupão, uma violeta bella
Vem regar o craveiro e assoma na janella.

A Cidade é beata - e, ás lucidas estrellas,
O Vicio á noute sae ás ruas e ás viellas,
Sorrindo a perseguir burguezes e estrangeiros;
E á triste e dubia luz dos baços candieiros,
Em bairos sepulchraes, onde se dão facadas
Corre ás vezes o sangue e o vinho nas calçadas!

As mulheres são vãs; mas altas e morenas,
D'olhos cheios de luz, nervosas e serenas,
Ebrias de devoções, relendo as suas Horas;
Outras fortes, crueis, os olhos côr d'amoras,
Os labios sensuaes, cabellos bons, compridos...
E ás vezes, por enfado, enganam os maridos!

Os burguezes banaes são gordos, chãos, contentes,
Amantes de Cupido, avaros, indolentes,
Graves nas procissões, nas festas e nos lutos,
Bastante sensuaes, bastante dissolutos;
Mas humildes crhistãos! - e, em lugubres momentos,
Tendo, ainda, crueis saudades dos conventos!

E assim ella se apraz n'um somno vegetal,
Contraria ao Pensamento e hostil ao Ideal !
Mas mau grado assim ser cruel, avara, dura,
Como Nero tambem dá concertos á lua,
E, em noutes de verão quando o luar consolla,
Põe ao peito a guitarra e a lyrica violla.

No entanto a sua vida é quasi intermitente,
Afunda-se na inação, feliz, gorda, contente;
Adora inda as acções dos seus navegadores
Velhos heroes do mar; detesta os pensadores;
Faz guerra a Vida, á Acção, ao Ideal - e ao cabo
É talvez a melhor amiga do Diabo! "


Gomes Leal

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Instantâneos (5)


Está dito!


(Loja na Rua de S.Julião)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ingenuidade


Indiferente aos caos do trânsito, à poluição, ao barulho.
Sorri.
Ingenuamente, mas sorri.

Av. da Liberdade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Lisboa e os Poetas (8)


"E aqui estou eu,
ausente diante desta mesa -
e ali fora o Tejo.
Entrei sem lhe dar um só olhar.
Passei, e não me lembrei de voltar a cabeça,
e saudá-lo deste canto da praça:
"Olá, Tejo! Aqui estou eu outra vez!"
Não, não olhei.
Só depois que a sombra de Álvaro de Campos se sentou a meu lado
me lembrei que estavas aí, Tejo.
Passei e não te vi.
Passei e vim fechar-me dentro das quatro paredes, Tejo!
Não veio nenhum criado dizer-me se era esta a mesa
em que Fernando Pessoa se sentava, contigo e os outros invisíveis à sua volta,
inventando vidas que não queria ter.
Eles ignoram-no como eu te ignorei agora, Tejo.
Tudo são desconhecidos, tudo é ausência no mundo,
tudo indiferença e falta de resposta.
Arrastas a tua massa enorme como um cortejo de glória,
e mesmo eu que sou poeta passo a teu lado de olhos fechados,
Tejo que não és da minha infância,
mas que estás dentro de mim como uma presença indispensável,
majestade sem par nos monumentos dos homens,
imagem muito minha do eterno, porque és real e tens forma,
vida, ímpeto, porque tens vida, sobretudo,
meu Tejo sem corvetas nem memórias do passado...
Eu que me esqueci de te olhar!"


Adolfo Casais Monteiro