segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Lisboa em Prosa (7)


“Lisboa crescera por cima das colinas, saltitando, talvez lembrada do seu tempo de mouros e guerras: do Castelo à Graça, da Graça à Penha de França, daí ao Alto do Pina e à Picheleira. Só mais tarde avançara pelo vale do que seria a Almirante Reis, da mesma forma que as Avenidas Novas só avançaram quando a implantação da república veio expandir a burguesia: não a burguesia industriosa; a burguesia de pequenos proprietários, senhorios urbanos, profissionais liberais, na profissão e na política, professores universitários.
Lisboa sempre teve esses dois tempos de crescimento: um crescimento popular que saltita sobre as colinas, um crescimento burguês que se espraia em avenidas planas, de fácil transporte.
Nesse avançar pelas colinas se teciam ainda os encantos literários do Eça, a Penha de França, João da Ega, no Alto do Pina e na Picheleira se vislumbrando os Olivais, Carlos da Maia”.


Maria Isabel Barreno

3 comentários:

divagarde disse...

Os recantos de Eça vão do Chiado aos Olivais e Benfica. São roteiros vários, do Passeio Público aos cafés, das livrarias ao São Carlos, Trindade e D. Maria.
Eça está por toda a Lisboa, da luvaria à mercearia, nessa Lisboa então tão a gosto afrancesado.

Mª João C.Martins disse...

Quem conhece Lisboa, reconhece nela esses dois tempos de crescimento de que nos fala o texto.

Um abraço

Ana Cristina Haderer disse...

E concordo. E tenho dito.