segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Lisboa em Prosa (6)


“Depois de uma enfiada de ruas lôbregas aparecia um bocado de Tejo, passavam-se os arcos, as antigas portas, o lavadouro público encostado à muralha dos comboios e penetrava-se no coração do bairro. Triste e cheio de armazéns! O vinho, os panos e os tabacos faziam a riqueza de grandes industriais que não viviam nele. Dois mosteiros antigos, de uma imponência morta, despercebida, colocados a um extremo e outro da artéria irregular que atravessa toda aquela baixa, lembravam um estranho passado: tempos elegantes e piedosos, que os grandes entrepostos e fábricas do presente sepultavam sem sequer negar”.


Irene Lisboa

4 comentários:

APS disse...

Caro José Quintela Soares

Não podia deixar de comentar este "Post".
Trata-se do sítio onde nasci: as antigas portas; os arcos; o lavadouro público encostado à muralha (do meu tempo); os Mosteiros; as fábricas... tudo isto é verdade, tudo isto trás saudade.

Tenho um livro da Irene Lisboa «VOLTAR ATRÁS PARA QUÊ?» Bertrand-1954.

Não conheço o nome da obra de (IL), onde esta referencia se encontra inserto.
Será que me podia indicar?
Fico agradecido.
Um abraço
APS

José Quintela Soares disse...

Caro APS

Muito obrigado pelo seu comentário.

Encontrará este texto no livro "Esta Cidade!", de Irene Lisboa, claro.

Um abraço.

divagarde disse...

ruas lôbregas... um bocado de Tejo... tempos piedosos...

tão bonito!

Ana Cristina Haderer disse...

Outra célébre esquecida. Lembra-me que ela estava representada na biblioteca do meu pai. É tempo de ir lê-la outra vez.