quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

sábado, 24 de janeiro de 2009

Lisboa é Fado (12)

Alcindo de Carvalho.
O nome dirá pouco, ou nada, ao comum dos cidadãos, a menos que se interesse por fado, o castiço, talvez o verdadeiro.
Da “velha escola” fadista, Alcindo canta em retiros e casas de fado, com a sua voz rouca, a lembrar o grande Carlos Ramos. Influência que não esconde, até porque interpreta habitualmente muitos fados criados por essa figura inolvidável.
Apreciem Alcindo de Carvalho, porque já não há muitos desta estirpe.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Veleiro


Mastros que apontam o céu de um futuro incerto.
Que arriscaram no passado o desbravar dos grandes mares.
Hoje amorfos.
Hoje sem préstimo.
Hoje no cais.
E as velas. Enroladas. Escondidas.
Envergonhadas?
Outrora bem desfraldadas aos ventos. Indómitas.
Mastros, velas, ousadia, destemor. Arrojo.

Um povo. Uma História.


(Rocha do Conde de Óbidos)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Instantâneos (3)


A história é simples.
Em 1940, uma senhora americana passou uma tarde no Jardim Zoológico.
Gostou tanto, que escreveu uma carta à direcção do Jardim, agradecendo os agradáveis momentos e tecendo os maiores louvores à beleza do recinto.
A direcção mandou construir este banco, que “baptizou” de “Banco da Americana”, para que, eventualmente, ela pudesse sentar-se a apreciar o que tanto gostara, se voltasse ao Jardim.
Outros tempos.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Lisboa é Fado (11)

Beatriz da Conceição é única.
Ninguém a imita. Porque não se consegue.
Castiça, faz parte da galeria dos grandes fadistas.
Ouvi-la é escutar o fado sentido.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Lisboa e os Poetas (7)


"Adeus, Lisboa"

"Vou-me até à Outra Banda
no barquinho da carreira.
Faz que anda mas não anda;
parece de brincadeira.
Planta-se o homem no leme.
Tudo ginga, range e treme.
Bufa o vapor na caldeira.
Um menino solta um grito;
assustou-se com o apito
do barquinho da carreira.
Todo ancho, tremelica
como um boneco de corda.
Nem sei se vai ou se fica.
Só se vê que tremelica
e oscila de borda a borda.

Chapas de sol, coruscantes
como lâminas de espadas,
fendem as águas rolantes
esparrinhando flamejantes
lantejoulas nacaradas.
Sob o dourado chuveiro,
o barquinho terno e mole,
vai-se afastando, ronceiro,
na peugada do Sol.

A cada volta das pás
moendo as águas vizinhas,
nos remoinhos que faz,
nos salpicos que me traz
e me enchem de camarinhas,
há fagulhas rutilantes,
esquírolas de marcassites,
polimentos de pirites,
clivagens de diamantes,
Numa hipnose coletiva,
como um friso de embruxados,
ao longe os olhos cravados
em transe de expectativa,
todos juntos, na amurada,
numa sonolência de ópio,
vemos, na tarde pasmada,
Lisboa televisada
num vasto cinemascópio.
O sol e a água conspiram
num conluio de beleza,
de elixires que se evadiram
de feiticeira represa.
Fulva, no céu incendido,
em compostura de pose,
a cidade é colorido
cenário de apoteose.
Há lencinhos agitados
nos olhos de todos nós,
engulhos de namorados,
embargamentos na voz.
Nesta quermesse do ar,
neste festival de tons,
quem se atreve a acreditar
que os homens não sejam bons?

Adeus, adeus, ribeirinha
cidade dos calafates,
rosicler de água-marinha,
pedra de muitos quilates.
Iça as velas, marinheiro,
com destino a Calecu.
Oh que ventinho rasteiro!
Que mar tão cheio e tão nu!
Ó da gávea! Põe-te alerta!
Tem tento nos areais.
Cá vou eu à descoberta
das índias Orientais.
Não tenho medo de nada,
receio de coisa nenhuma.

A vida é leve e arrendada
como esta réstia de espuma.
Toda a gente é séria e é boa!
Não existem homens maus!
Adeus, Tejo! Adeus Lisboa!
Adeus, Ribeira das Naus!
Adeus! Adeus! Adeus! Adeus!"


António Gedeão

sábado, 3 de janeiro de 2009

As Cores de Lisboa (12)


Jardim Botânico da Ajuda.