quarta-feira, 18 de junho de 2008

"Tradicional"

O senhor António.
Empregado da “mercearia”.
Casaco cinzento, camisa e gravata. Sempre.
Cortava o bacalhau na enorme faca presa ao balcão, que parecia uma guilhotina.
Açúcar, manteiga, banha, feijão, café…tudo era vendido avulso, em pacotes de papel, que fechava com destreza.
Conhecia todos os clientes pelo nome, a todos cumprimentava, para todos tinha uma conversa simpática.

Lisboa, anos 50.

Era o comércio que existia.
Nada de super ou mini…mercados.
Depois apelidaram de “tradicional” estas lojas…mas a tradição já deixou de ser o que era.

A fotografia não é a mercearia do “senhor António”.
Mas recordou-me a meninice.
Com saudades.

3 comentários:

teresamaremar disse...

Antigo comércio, embrulhado a papel pardo.
Pardas paredes, não branquinhas quanto estas, nem arrumadinhas as prateleiras. Nem enfileirados os artigos.
Em fileira, apenas os botões do dito casaco (versus bata) abotoados, também ele pardo.

Saudosos espaços, onde se ia a recados. Recompensados, que era tempo de sobras de trocos e não ainda de mesadas :)

Carlos Faria disse...

que saudade das mercearias onde se comprava o café moído na altura que impregnava toda a loja e a rua em frente de perfume, onde as especiarias a vulso completavam notas do cheiros!... mas isso perdeu-se na Lisboa antiga, nas cidades de província e nas das ilhas.

Unknown disse...

Onde eu morava o senhora da mercearia chamava-se Amadeu e tratava as crianças do sítio com muita amabilidade. Toda a gente era conhecida pelo seu nome, adulto ou criança, ia-se a recados, como bem disse a teresamaremar, um quilo de acúcar para um bolo que, de repente, se apetecia fazer, fruta cabada de chegar, rebuçados.
O Sr. Amadeu chamou-me Tininha tém aos meus vinte e muitos anos. Como poie eu levar-lhe a mal??