sábado, 16 de junho de 2007

Arcadas


As arcadas da Praça do Comércio.
Dos Ministérios.
Do Martinho.
Rodeando D.José. Os turistas. Os alfacinhas.
“Sem abrigo” muitos. Que ali pernoitam.
As Arcadas.
Pombalinas.
Sólidas.
Sol e Sombra. Na faena da vida.

4 comentários:

Bichodeconta disse...

lINDAS AS FOTOS, BEM CONSEGUIDO O TRABALHO.. PARABÉNS.. VOLTAREI AQUI SEMPRE QUE POSSIVEL..UM ABRAÇO..

teresamaremar disse...

Arcadas, "Na faena da vida"

arcadas, sob as quais se faz vida

arcadas, em perspectiva, indicando, ao longe, um ponto de fuga

mais pequenas, cada vez menores, perdendo-se nesse ponto de fuga, sem se importarem que o infinito se faça.

Parece eco que se agasta.

teresamaremar disse...

Vou pintar estas arcadas. Não me canso de as olhar.
Os arcos, as sombras e luz no chão. Toda a luminosidade, os brancos e ocres.
Parece, mesmo, que se desfazem ao fundo como eco.

teresamaremar disse...

Todos os monarcas tinham a ambição, e também necessidade, de se apresentarem como representantes de Deus. A Praça de S. Pedro diz dessa ideia. Há um dado curioso quanto a D. Maria e Terreiro do Paço. No dia da sua aclamação, não querendo outro rei com ela competindo fez esconder a estátua do pai :), havendo gravuras da época que mostram a praça sem estátua. Uma outra nota curiosa na mesma senda, é o facto de em França nunca nenhum rei haver assistido à inauguração de uma estátua sua. Rei não ensombra rei, nem o próprio :)

Embora chegasse a pensar-se na praça para lugar de Paço Real, a população apropriou-se sempre dela. Foi lugar de desembarque (quem vinha de Belém para Lisboa vinha de barco até à praça), lugar portuário, onde se descarregavam mercadorias, de encontros e desencontros. Tudo acontecia na praça, que ressurge com D. João V no mesmo lugar que ocupara no séc. XVI, e é Pombal quem a idealiza como um novo palco, ícone do progresso.

Era preciso estabelecer a ordem onde reinava o caos, porque o local, até aí de azáfama e recreio, porque os barcos aí descarregavam, predispunha também ao lixo e desordem. A bem da limpeza, o decreto de Pombal permitia confiscar mercadorias que ficassem na praça para lá do dia de descarga.

Manuel da Maia decidiu que seria o único espaço da cidade a possuir arcadas, mas havia um outro projecto, de Eugénio dos Santos, para que a praça fosse fechada, que nunca chegou a ser edificado.
Após a morte de D. José as obras pararam, com a aclamação de D. Maria, e a praça volta a ser lugar de aclamação.

Em setecentos, existiam aí a Junta e Aula do Comércio, a Mesa dos Bens Comuns e a Real Mesa Censória. Em 1769 abre a Loja da Imprensa Régia criada por Pombal. Nessa altura o comércio livreiro era dominado pelos livreiros franceses, e Pombal cria uma impressa régia de modo a imprimir e comercializar originais e vender, por catálogo, livros estrangeiros.

O liberalismo de 1920 vem reforçar a praça enquanto espaço de sociabilidade. Os ministérios instalam-se nessas arcadas, a Bolsa, os cafés, a Loja da Gazeta, a Livraria de João Henriques, etc e fazem com que a actividade seja grande. Hoje, as feiras de livros, selos e velharias são as novas actividades dispostas a reabilitar esse espaço de memória, embora não com o estatuto de lugar social que já teve.