domingo, 10 de junho de 2007

R.António Maria Cardoso


Para lá dos sombrios ferros, um belo palácio cheio de luz.
A velha palmeira a tudo assistiu e assiste. Resiste.
A velha nobreza que o tempo desvaneceu passeava-se pelo elegante Chiado da Benard e da Garrett. Ia ao S.Carlos e ao S.Luiz. À Marques.

Ficou o palácio.
Na Rua António Maria Cardoso.
A da PIDE.
Frente à qual nasci, não num palácio, mas em casa do meu Avô.

1 comentário:

teresamaremar disse...

A palmeira, que assiste ainda, partirá também um dia.

As gentes que pulsaram, que emoções viveram, volatizaram-se, como os sons que S. Carlos rasgaram e se desfizeram.
Ficaram pedras, que às vidas terão assistido, mas não pulsam. Não contam. Mudas se quedam.

Resta a memória, o passado enquanto refúgio

E a vida, cíclica, indiferente, far-se-à.

A vida a rir daqueles onde se ausentou a capacidade de sonhar,
A vida a rir, ainda, daqueles que deitaram fora o presente,
dos que se esqueceram de amar
e, assim, de viver.

Para lá das nossas angústias, tristezas e mágoas, a vida prossegue, ignorando-nos.
Um dia, seremos nada, nem pedra, e a vida far-se-à ainda, noutras almas, noutros corpos.
A vida é sempre maior que nós.