"HORAS DE SOL"
"Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Manhã lavada, rútila, estival!
Passam varinas a cheirar a sal…
Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Domingo claro, alegre, cristalino,
Como as notas metálicas dum sino,
Como um toque estridente de clarim…
O sol entra nas almas
Como o hálito quente dum jardim…
Andam pregões suspensos pela rua:
“Seis tostões o salamim,
quem quer azeitonas novas?”
E o eco prolongado continua:
“quem quer azeitonas novas?”
Eléctricos ligeiros e amarelos
mordem as calhas…
As rodas são martelos
Arrancando faíscas
Aos rails que parecem duas riscas
De prata nova sobre o chão cinzento…
Dafundo, Lumiar, Brazil-S.Bento…
Cada qual vai atrás do seu destino
através do ambiente campesino
que tem Lisboa num domingo assim…
Lá vai galgando aos poucos o Alecrim
um carro a transbordar de gente moça
que tem na pele um rebrilhar de louça.
Dois a dois, de mãos dadas e almas dadas,
vão merendar nas sombras das estradas…
Sendo tão desiguais e tão diversos
Cada par é uma rima destes versos.
Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Dorme o Tejo debaixo dum lençol
De espinhaços, de côdeas, e de lascas…
-Oh, leva as folhas, leva as cascas! –
No cais, por entre as barcas
a chapinhar nas charcas
andam garotos a molhar os pés…
Lá vai um carro cheio para Algés!"
"Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Manhã lavada, rútila, estival!
Passam varinas a cheirar a sal…
Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Domingo claro, alegre, cristalino,
Como as notas metálicas dum sino,
Como um toque estridente de clarim…
O sol entra nas almas
Como o hálito quente dum jardim…
Andam pregões suspensos pela rua:
“Seis tostões o salamim,
quem quer azeitonas novas?”
E o eco prolongado continua:
“quem quer azeitonas novas?”
Eléctricos ligeiros e amarelos
mordem as calhas…
As rodas são martelos
Arrancando faíscas
Aos rails que parecem duas riscas
De prata nova sobre o chão cinzento…
Dafundo, Lumiar, Brazil-S.Bento…
Cada qual vai atrás do seu destino
através do ambiente campesino
que tem Lisboa num domingo assim…
Lá vai galgando aos poucos o Alecrim
um carro a transbordar de gente moça
que tem na pele um rebrilhar de louça.
Dois a dois, de mãos dadas e almas dadas,
vão merendar nas sombras das estradas…
Sendo tão desiguais e tão diversos
Cada par é uma rima destes versos.
Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Dorme o Tejo debaixo dum lençol
De espinhaços, de côdeas, e de lascas…
-Oh, leva as folhas, leva as cascas! –
No cais, por entre as barcas
a chapinhar nas charcas
andam garotos a molhar os pés…
Lá vai um carro cheio para Algés!"
Fernanda de Castro
3 comentários:
Fernanda de Castro... tão pouco alembrada. Escolhia casas em ruínas para lugares de escrita. E tanto e sobre tanto escreveu, abraçando todos os géneros e para todos os públicos.
Do marido se fala, dele niguém esquece. Fernanda de Castro, a justificar o ditado... a grande mulher por detrás do homem.
Nem todas as homenagens são correspondentes ao real valor dos distinguidos...
Esta é, verdadeiramente justa!
" À poesia que das penas me fez asas"
Um abraço
Aqui temos uma poetisa esquecida e que coisas tão bonitas escreveu. Obrigada por relembrar esta poesia aqui.
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