quarta-feira, 17 de junho de 2009

Há 50 anos (1)


Eu sei que passaram 50 anos…
Mas para além da natural “invasão” que os automóveis fizeram a espaços anteriormente abertos à circulação pedestre, faltam-me as palavras para classificar o que encontrei no “Chafariz da Mãe-de-Água”, passada a Praça da Alegria.
Na fotografia que tirei, tentando posicionar-me na mesma perspectiva da de 1959, mal se nota, mas o pano, a toda a largura, que lá está afixado, reza “Chafariz do Vinho”, organização comercial que, a crer no que se vê, tomou conta do local.
Inacreditável.
Vergonhoso.
Irreal.
Escabroso.

Mesmo que o milagre da transformação de água em vinho tivesse acontecido… é inadmissível que quem vela pelo nosso património nada tenha feito.
O Chafariz não pode ser propriedade privada.
E mesmo esta tem de ter decoro.
Parece que já vale tudo!


(Fotografia a preto e branco retirada do “site” do“Arquivo Fotográfico Municipal” de Lisboa)

3 comentários:

Bic Laranja disse...

Será que esta linha de aqueduto liga(va) com o ramal de S. Bento cujo arco foi trasladado para a Palhavã? - Cá está outra apropriação do património: o arco era de São Bento agora exibe loas abrilinas alegres... - Cumpts.

Mª João C.Martins disse...

É na verdade revoltante, vermos prevertida a história e a memória que representa o nosso património. Uma adulteração nítida dos valores, como se nada mais importasse para além da satisfação do interesse imediato de alguns, em detrimento do que é interesse de todos.
Magnífico olhar de detalhe e de indignação para a nossa Lisboa de hoje. Um olhar que eu aplaudo e que partilho, pois considero que se não respeitarmos hoje o nosso passado, nunca poderemos ter a ousadia de querer que algum dia, alguém preserve o que hoje construimos!

Um abraço

Unknown disse...

Pois, é por causa destas coisas que uma cidade pperde uma identidade que lhe era própria. Mais una ver o José acerta em cheio. Gosto muito do olhar que mergulha nos pequenos detalhes desta nossa cidade. As coisas evoluem, é certo, mas têm elas de evoluir negativamente? Obrigada ao José por nos trazer o passado e o misturar com o presente que neù sempre é o mais encantador que já vimos.