“…Buzina-se (e sobre isso já alguma coisa se tem escrito) logo que o sinal verde se acende. É o microcosmo do ódio negro. A superpressa. Apita-se, para passar de qualquer modo, quando o frenesim pica o condutor. E crepitam, de parte a parte, os enxovalhos.
Um carro vai arrumar: buzina-se. Vai arrancar: à mesma o klaxon estrondeia. Nem civismo, nem educação, nem cordialidade. Um pobre (semipobre) de Cristo, que desemboca de uma rua lateral e enfrenta a torrente do trânsito, tenta a sua sorte por várias vezes: buzinam-lhe, como quem lhe escarra na face.
O egoísmo mais tosco campeia nas ruas abaladas de veículos.
Ora a buzina existe para alertar, mas em situações de perigo. Só para isso. Até para assustar peões ela é odiosa”.
Urbano Tavares Rodrigues